Em um caso de ampla repercussão negativa, um repórter da Rede Globo produziu para a revista "Época" uma matéria sobre Heloisa Bolsonaro, esposa do Deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que revelava o método de trabalho da profissional, além de gravar e divulgar, sem sua autorização, opiniões pessoais da esposa do parlamentar.
imagem ©: reprodução/ Google |
O repórter trainee João Paulo Saconi frequentou cinco sessões com a psicóloga e ao final, quando já tinha todo o material gravado de forma ilegal, ele ligou para a profissional comunicando que havia gravado as sessões e que iria publicar a matéria.
Entende-se assim que o Grupo Globo e seus diversos veículos de comunicação, na ânsia de obter conteúdo para abastecer suas mídias, praticam um vale-tudo, onde até a vida privada de qualquer pessoa é tida como alvo. Isso é uma prática ilegal e imoral, além de constituir-se em um desrespeito ao básico princípio da privacidade alheia.
Em nota, a revista "Época" disse que "o jornalismo não é imune a erros" e que a decisão de gravar, clandestinamente e ilegalmente a psicóloga Heloisa Bolsonaro "foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista."
Leia a nota da revista "Época" na íntegra:
“Como toda atividade humana, o jornalismo não é imune a erros. Os controles existem, são eficientes na maior parte das vezes, mas há casos em que uma sucessão de eventos na cadeia que vai da pauta à publicação de uma reportagem produz um equívoco.
Foi o que aconteceu com a reportagem “O coaching on-line de Heloisa Bolsonaro: as lições que podem ajudar Eduardo a ser embaixador”, publicada na última sexta-feira. ÉPOCA se norteia pelos Princípios Editoriais do Grupo Globo, de conhecimento dos leitores e de suas fontes desde 2011. Mas, ao decidir publicar a reportagem, a revista errou, sem dolo, na interpretação de uma série deles.
É certo que em sua seção II, item 2, letra “h”, está dito: “A privacidade das pessoas será respeitada, especialmente em seu lar e em seu lugar de trabalho. A menos que esteja agindo contra a lei, ninguém será obrigado a participar de reportagens”. A letra “i” da mesma seção abre a seguinte exceção: “Pessoas públicas – celebridades, artistas, políticos, autoridades religiosas, servidores públicos em cargos de direção, atletas e líderes empresariais, entre outros – por definição abdicam em larga medida de seu direito à privacidade. Além disso, aspectos de suas vidas privadas podem ser relevantes para o julgamento de suas vidas públicas e para a definição de suas personalidades e estilos de vida e, por isso, merecem atenção. Cada caso é um caso, e a decisão a respeito, como sempre, deve ser tomada após reflexão, de preferência que envolva o maior número possível de pessoas”.
O erro da revista foi tomar Heloisa Bolsonaro como pessoa pública ao participar de seu coaching on-line. Heloisa leva, porém, uma vida discreta, não participa de atividades públicas e desempenha sua profissão de acordo com a lei. Não pode, portanto, ser considerada uma figura pública. Foi um erro de interpretação que só com a repercussão negativa da reportagem se tornou evidente para a revista.
Em sua seção 1, item 1, letra “r”, os Princípios Editoriais do Grupo Globo determinam: “Quando uma decisão editorial provocar questionamentos relevantes, abrangentes e legítimos, os motivos que levaram a tal decisão devem ser esclarecidos”. E o preâmbulo da mesma seção estabelece com clareza: “Não há fórmula, e nem jamais haverá, que torne o jornalismo imune a erros. Quando eles acontecem, é obrigação do veículo corrigi-los de maneira transparente”.
É ao que visa esta Carta aos Leitores. Explicar o que levou à decisão editorial equivocada, reconhecer publicamente o erro e pedir desculpas a Heloisa Bolsonaro e aos leitores de ÉPOCA.”
Fonte: tercalivre.com.br
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